FIGURAS DE LINGUAGEM II

CONT. FIGURAS DE LINGUAGEM



FIGURAS FONÉTICAS


Ocorrem quando são realçados os sons das palavras para que a men­sagem ganhe maior expressividade.

ONOMATOPÉIA consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres.

"Sem o coaxar dos sapos ou o cricri dos grilos como é que poderíamos dormir tranqüilos a nossa eternidade?" (Mário Quintana)

miado desapareceu quando as crianças puseram, em volume alto, a gravação do au-au. O gato pensou que o perigo estava próximo e emu­deceu.

O coim-coim dos porcos parecia uma orquestra desafinada.

ALITERACAO consiste na repetição de sons no início ou interior das palavras.

Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde nascera e morrera. "São Paulo — metrópole o metrô — bisturi que rasga o ventre da noite..." (Clínio Jorge)


FIGURAS SINTÁTICAS

As figuras sintáticas também ocorrem quando se quer atribuir maior expressividade ao significado: a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido.

ELIPSE ocorre quando há ocultamento de um termo, que fica subentendido pelo contexto e que é facilmente identificado.

A direita da estrada, sol, à esquerda, chuva,
e nosso carro deslizava entre um e outro.
(omissão da forma verbal estavaestava o sol, estava a chuva)

"Na rua deserta, nenhum sinal de bonde." (Clarice Lispector)

(omissão de não havia)


ZEUGMA omissão de um termo já enunciado antes. Pode-se considerar a zeugma como uma forma de elipse.
Nem eu o ouvi, nem ele a mim. (omissão da forma verbal ouviu)

"Acorda, Maria, é dia
de matar formiga
de matar cascavel
de matar tempo
de matar estrangeiro
de matar irmão de matar impulso
de Se matar. (Carlos Drummond de Andrade)
(omissão de Acorda, Maria, é dia)

O que acalmava o pescador era contar estrelas. As luzes dos barcos pes­queiros. Os dias que faltavam para rever a mulher e os filhos, (omissão de era contar)

HIPERBATO é a inversão da ordem natural (direta) dos termos na oração, ou das ora­ções no período.
"Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o teto." (Olavo Bilac)
(Bendito o que fez o fogo e o teto na terra.)

Viajam cansados os pescadores de ilusões. (Os pescadores de ilusões viajam cansados.)

Acompanhando o som da torcida, dançava com a bola o atleta. (O atleta dançava com a bola acompanhando o som da torcida.)

PLEONASMO é a repetição de um termo, ou reforço do seu significado.
Choramos um choro sentido mas nos refizemos logo.
A esperança do nordestino era que a água da chuva aguasse a terra, pre­parando o terreno para a plantação.
A ele resta-lhe a boa oportunidade de provar sua inocência.

ASSÍNDETO ocorre quando há a supressão do conectivo (conjunção).
O cantor interpretava a canção, o público vaiava. Ele insistia, o público continuava. Ele parou, quebrou o violão, saiu do palco. O vento zunia, as folhas caíam.

POLISSÍNDETO ocorre quando há a repetição do conectivo (conjunção).

E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda, mas ninguém parou para socorrer o gato acidentado.

Eu ia no ônibus como pingente e levava vantagem, e não pagava, e sal­tava onde queria e sentia o vento bater na cara.

E a noite é negra
e estrelas não brilham
e pessoas mascaram a voz
e a dor
e expõem o rosto ao riso
e à solidão.

ANACOLUTO ocorre quando há uma interrupção da construção sintática para se in­troduzir uma outra ideia.

Umas moedas velhas caídas no fundo da gaveta, nós descobrimos o seu valor depois que o colecionador as quis comprar.

Os nordestinos quando chegam, em família, entre sacos e sacolas, na estação central, eu acho que merecem mais do que uma reportagem: merecem um livro que conte a luta e a resistência dessa brava gente.

REPETIÇÃO é a repetição de uma palavra para enfatizar o sentido, criando maior expressividade.
"Na solidão solitude,
Na solidão entrei,
Na solidão perdi-me,
Nunca me alegrarei." (Mário de Andrade)

"Vários tons de vermelho dançam para mim,
o vermelho da guerra,
o vermelho das terras,
o vermelho do nada." (Kátia Maristela Ongaro)

SILEPSE ocorre quando se realiza a concordância com a idéia e não com os ter­mos expressos.
A silepse pode ser:

• de gênero.
Vossa Excelência ficou cansado com o discurso, (há concordância com a pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não com o sujeito)

A antiga São Paulo da garoa é hoje uma das campeãs de monóxido de carbono, (há concordância com cidade)

O Rio de Janeiro dos turistas e das belezas naturais é famosa no mundo inteiro, (há concordância com cidade)

• de número.
O bando de moleques brincava com pipa. Não ouviam, nem buzina e nem chamado da mãe. (há concordância com o adjunto adnominal e não com o núcleo do sujeito)

A família do réu procurou o advogado e queriam saber se ele poderia ficar em liberdade durante o processo, (há concordância com a ideia)

Essa gente do interior costumavam ir à igreja para ver casamento e pa­dre benzer defunto. Eram os dias mais movimentados, (há concordância com a ideia)

• de pessoa.
Crédulos, amistosos, todos os interioranos somos assim, até que a cida­de grande comece a nos transformar, (somos = todos + eu)

Todos procuramos a famosa lama negra que a propaganda dizia ser me­dicinal. (procuramos = todos + eu)

Os brasileiros somos muito crédulos, (somos = brasileiros + eu)

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OBSERVAÇÃO
Desgastada pelo uso, a silepse já não representa recurso expressivo da língua.
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