COMO SE DIZ “VOCÊ” NO PLURAL EM INGLÊS?



Vocês

No decorrer dos anos, o inglês simplificou-se demais. Perdeu muito da gramática complicada que tinha (que antigamente era mais parecida com a alemã), mas também perdeu recursos linguísticos úteis. Um deles foi o equivalente a vocês (ou vós). No inglês de hoje, quando alguém diz algo como I love you na direção de duas pessoas, não se sabe ao certo se a pessoa quis dizer isso a somente uma delas, ou, quem sabe, às duas. No entanto, até o final do século XVI, existia uma diferença:


2ª pessoa

  • Singular informal = thou (tu) / thee (ti, te)
  • Plural ou formal singular = ye (vós; o senhor) / you (vos – oblíquo)
O inglês daquela época era tão complexo quanto o português. Na verdade, usava-se thou, theethy em inglês da mesma maneira como antigamente se usava “vós”, “vos” e “vosso” em português (o que levou ao “você” de hoje – vossa mercê > vosmecê > você). Esse fato pode ser visto ainda no único meio em que essas formas são faladas hoje, nas orações.

 

Ave Maria

Ave Maria,
[Hail Mary,]
cheia de graça,
[full of grace]
o Senhor é convosco,
[the Lord is with thee]
bendita sois Vós entre mulheres
[blessed art Thou amongst women]
e bendito é o fruto do vosso ventre,
[and blessed is the fruit of thy womb,]
Jesus.
[Jesus.]

Ao longo dos anos, principalmente depois de se misturar com o francês (quando os franco-normandos invadiram a Inglaterra no ano 1066 d.C. – marcando o fim do inglês antigo), a língua inglesa foi se simplificando e, onde existiam quatro palavras diferentes, surge apenas uma:

2ª pessoa

  • Singular informal = thou thee
  • Plural ou formal singular = ye / you

2ª pessoa

  • Singular = you you
  • Plural = you / you
Apesar de aparentemente mais eficiente, o “novo” sistema também trouxe complicações, pois, embora a palavra you englobasse todos os conceitos, inclusive o plural, ainda surge a necessidade de, às vezes, ser mais explícito. Portanto, no inglês coloquial atual, existem novos “pronomes”, o que nos faz regressar à complexidade do inglês de séculos atrás:


2ª pessoa

  • Singular informal = you
  • Plural “formal” = you
  • Plural informal = you guys
Na realidade, esse you guys significa “vocês caras”, o que não deveria ser “usável” em referência a uma pluralidade exclusivamente feminina. Porém, a forma é tão comum na América do Norte hoje em dia que o significado original está se perdendo, sendo usada pela maioria das pessoas, independentemente do sexo. A forma está crescendo tanto que está substituindo locuções parecidas que existiam em outros dialetos, como o do Sul dos Estados Unidos (you all ou y’all) e do inglês britânico (you lot).

Exemplo disso é George W. Bush, filho do ex-presidente americano George H. W. Bush, na campanha de 1994 a Governador do Texas (um dos estados onde se fala y’all), que disse para a imprensa:
  • All I ask is that for once you guys stop seeing me as the son of George Bush!
  • Só peço que, por uma vez, vocês parem de me enxergar como o filho de George Bush.






Fonte: http://www.teclasap.com.br

LIVRO CÚMPLICE

O livro é cúmplice quando revela o que ninguém sabe. A narrativa nos empolga porque, acreditamos, somos testemunhas de segredos só a nós revelados. É como um tesouro escondido, do qual possuímos a exclusividade do mapa. O autor dormia em seu anonimato de papel antigo até que fôssemos lá abrir uma fresta na sua solidão e degredo. Levamos esse tipo de livro de maneira disfarçada, misturado a coisas comuns, como uma revista ou um impresso qualquer. Se formos flagrados, sacudimos os ombros e pegamos a brochura na ponta dos dedos, com desdém.

Aprendemos coisas como a palavra desdém nessa literatura que não deixou marcas, essa memória oculta, essa única edição sobre o que para sempre foi perdido. Ninguém pode desconfiar do que trazemos embaixo do braço como se fosse uma côdea de pão. Exatamente, côdea é também esse tipo de palavra enterrada em páginas esquecidas. Nós, os leitores oblíquos, costumamos ler obras atiradas no tempo, antes que descubram o quanto é cult, ou importante, ou fundamental.

No momento da descoberta, ninguém à vista sabe do que se trata. Você vira o mundo atrás de algumas pistas e não encontra uma só pegada de uma possível leitura. Então, satisfeito, embaixo de cobertas, na curva do quintal, na praça vazia em feriado, você abre, trêmulo, aquela mina anônima, aquele território sagrado onde somos ouvintes de sinetas, passos em castelos, sons de metralha.

Quando o exemplar capaz de nos prender a respiração escasseia, mergulhamos ainda mais fundo à procura de pepitas. É o momento de enfrentar bibliotecas gigantescas e vazias e resgatar do fundo de armários de ferro coisas que só nós vamos ler, porque só nós temos essa obsessão de ir até o fim quando algo nos acena de fora do tempo. Podemos então abrir a faca o relatório sobre a construção dos quartéis, de autoria do jovem engenheiro Roberto Simonsen, na gestão do ministro da Guerra Pandiá Calógeras. Ou então descobrimos, enrolados em alguma estante contra a parede do último andar de um sebo que vai fechar no dia seguinte, aquele pequeno volume de capa vermelha e que mostra textos e fotos de uma guerra desconhecida.

Dentro da encadernação caprichada e velha, você vê um saqueador coçando a cabeça diante de algumas bolsas de arroz e feijão. A legenda diz que ele não consegue carregar o produto do seu roubo. O autor é um padre que conseguiu levar a bom termo o momentâneo caos de uma escola famosa nos anos vinte, alvo da revolução que tomou conta da grande cidade. Mas tudo isso no Brasil? - me perguntaram no dia em que escancarei as fotos de tiros de canhão em prédios de todos os tipos, para estudantes surpresos.

Há também os volumes que jamais reencontramos, como os livros de aventuras sobre insurretos indonésios, que estavam dormindo na biblioteca, já extinta, do colégio. Ou o livro de bolso que lemos em 24 horas seguidas e nem atinamos direito que era “O Morro dos Ventos Uivantes”, a maior história de amor jamais escrita. Éramos Heathcliff a perambular pela charneca.

Lemos charneca e lembramos uma piada de Vinícius de Moraes sobre essa palavra. Só existe em romance inglês antigo. Em livro cúmplice, escrito só para nós, leitores oblíquos, essa espécie que jamais se extingue.


  (Disponível em: http://acervo.revistabula.com/posts/livros/livro-cumplice)

MOTIVAÇÃO

O que motiva você?
É uma pergunta intrigante para começar esta jornada. Mas é mais do que necessária que ela seja feita, se não por mim, mas por você mesmo.
Acredito que em algum momento da sua vida você já se sentiu desmotivado. E em algumas vezes você pode contar com uma pessoa próxima que diz algo para elevar seu estado de ânimo. Mas e quando você não tem um “amigo animador” por perto? Aí, só resta mesmo procurar esta motivação dentro de si mesmo.
Saiba então que a motivação é uma das habilidades que fazem parte do que podemos chamar de inteligência emocional. Ou seja, quanto mais e melhor você conhecer a si mesmo, mais estará apto para identificar o que te motiva ou desmotiva, por isso é muito importante, que faça uma autoanálise.
Agora, presta um pouco mais de atenção . Se você está se sentindo sem motivação e ainda por cima sem inspiração, apresento aqui, algumas reflexões sobre porque você deve se interessar por esta habilidade e como pode desenvolvê-la!
A principal habilidade relacionada com motivação é a automotivação. Você com certeza já ouviu falar dela.
Mas, por que a automotivação é tão importante?
Bem, de uma maneira bem simples, eu diria que automotivação é para o bem da sua saúde, para que você permaneça em atividade, com alegria e tenha vontade de acordar todos os dias de manhã e cumprir com suas responsabilidades.
E porque é necessário desenvolver a habilidade de se automotivar?
Uma das razões é porque você nem sempre é reconhecido como deveria ou espera. Nesse caso, você não deve deixar se desanimar!
Lembre-se de uma coisa importante : nem Jesus Cristo, agradou a todos… E se você olhar bem a sua volta, garanto que encontra alguém em situação pior que a sua. Por exemplo: alguém que ficou desempregado ou que não teve condições de estudar, ou ainda que acabou sendo abandonado por pessoas que amava.
Então? Isso não deve representar o fim do mundo.
Mas diante de tantas complicações, como desenvolver a automotivação?
Primeiro é necessário encarar os seus desafios de frente, não responsabilizar aos outros pelas suas escolhas, assumir o que é responsabilidade sua e buscar estratégias ao invés de ficar lamentando.
Além disso, acredito que cada pessoa deve ter ou pelo menos, deveria ter sua própria estratégia pessoal de automotivação.
Pense nisso hoje e se você ainda não tem uma estratégia, reflita e inspire-se!
Tenha um Bom Dia HOJE.
Sigmar Sabin
Professor e Aprendiz da vida

OS DEZ MANDAMENTOS DE UM BOM LEITOR

I - Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelos clássicos, pelos consensuais. Serão cinquenta, serão cem. Não devem faltar As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas, Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges, Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec, Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, Bioy Casares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, Lima Barreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo, Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig, Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ou na praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que você não conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crie um sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16 aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder ler quatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um por semana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360. Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinale as frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importante criticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereços de pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com mais comodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livro vai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e de táxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis; e não empreste.

VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre a literatura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do século XIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, que foram Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dos quatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorge de Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues. 

VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio habitat que tendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça viagens regulares. Das letras europeias e da América do Norte vem a maioria dos nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmente indispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente: há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola, Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, ao mundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; não esqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue, finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. São eles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dos mesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, em tese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história, filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bem escrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonar pelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidade de perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau. Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nada pode ser tão estúpido quanto o preconceito.

X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menos inteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autor é um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato de uma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez a escritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; não leve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você será um leitor.

Fonte: Revista Entre Livros

A BARRA DO DIA

Foto: Cleiane Chaves


A anêmica lua na bruma se ia
Quando a manhã solitária principia
E o generoso sol o céu alumia
No Leste a bela barra do dia
- Nega Sônia, disse a irmã, avia
Reza com fervor uma ave-maria
Para quem paga tributo de idolatria
À cidade míope que agora dormia
E o espetáculo de cores não via
A cegueira da alma sequer percebia
Que o zênite ao azimute se alia
E pintam a obra-prima que a Natureza exigia
Tão logo a claridade com sua regalia
Torna tão comum o que antes pretendia
Ser o fausto descanso das estrelas em romaria
Até que a noite apague a luz com zombaria
E o lusco-fusco do ocaso impere no ciclo que reinicia.